segunda-feira, 15 de março de 2010

Balanço do domingo

Da mídia, e de mitificações

Ontem, ao que tudo indica, caiu um mito. E, vejam bem, caiu o mito, não o time. Caiu o mito de um time que, resumo da malemolência brasílica, seria imbatível, impenetrável, imperscrutável. A volta ao futebol que, com a agudeza áspera do moleque, provaria com o movimento presto do corpo a verdadeira filosofia; todo o resto, portanto, reduzido à sofisma.
Em outras oportunidades, já disse, aqui nesse espaço, que o time do Santos é bom, sobretudo pelo que chamei de reserva técnica: poucos times tem entre os titulares Robinho, Ganso e Neymar, e, entre os reservas, um Madson. São jogadores leves, habilidosos, que partem pra cima e realizam, em campo, o futebol que costumamos nomear como "tipicamente brasileiro". Porém, disse ainda, sem medo, que esse mesmo Santos ainda não pegou adversários a altura. São Paulo e Corinthians parecem estar combalidos, e os ditos times do interior, via de regra, surpreendem apenas quem quer ser surpreendido.
No entanto, ora vejam, coube justo ao mais zonzeado representante do Trio de Ferro mostrar ao Santos que futebol não é só dança, e pedalada; há no esporte uma boa dose de sangue, suor e raça. Afinal, é o esporte bretão.
Tudo bem: houve um pouco de sorte ao encontrar aquele gol de bola parada, logo após o segundo tento do Santos. Mas o fato é que o Palestra teve brio, buscou o empate, e, no segundo tempo, teve o jogo em mãos até, aproximadamente, os 20 minutos. Antonio Carlos arrumou a casa, colocou Pierre em cima de Neymar, e Araújo seguindo Ganso. Everton e Robert, leves e voluntariosos, com a bola nos pés davam cansaço na zaga santista, e sem a bola, a pressionavam. Aliás, aqui cabe um adendo: a aplicação tática do Palmeira mostrou um lado dos "meninos" que a mídia nem pensa em mostrar; e, quando mostra, é com condescendência: visivelmente irritado, Neymar deu entrada criminosa em Pierre, sendo merecidamente expulso. Só gente deslumbrada, ou gente que quer vender uma mercadoria, acredita em "moleque", em "alegria". Lá dentro, é profissão, competição.
A coisa voltou a pender para o time da Vila Belmiro apenas com a entrada de Madson; a tal da reserva técnica. Taticamente, o Palmeiras era mais time em campo. Por isso, talvez, os deuses do futebol tenham dado a Robert aquele golaço, desempatando no final o embate. Jogaço. E, diga-se de passagem, se o Palmeiras venceu epicamente, o Santos perdeu com extrema dignidade. Caiu um mito, não o time.

***

Vencer sem dignidade

Sim, é isso o que aconteceu com Corinthians e São Paulo.
Em Barueri, em dez minutos de jogo, o Corinthians consegiu, finalemente, mostrar um pouco de futebol. Com um jogo rápido e intensamente móvel, conseguiu, de cara, marcar dois gols no bom time do Santo André.
Porém, marcados os gols, outro jogo teve início, e outro Corinthians. O time do Parque São Jorge recuou, e, acuado, parecia esperar por um contra-ataque como quem espera por um milagre. Não soube, também, segurar a bola, para frear o ímpeto do Santo André.
O time perdeu gols, claro, e é preciso apontar. Mas chamo atenção para outra coisa: a total inércia do meio de campo corinthiano, incapaz de criar e de marcar. Ontem, Jucilei e Elias bateram cabeça como nunca, e Mano assistiu tudo do banco, sem fazer nada. Se quiser jogar no 4-3-3, será necessário, para ontem, um meia. Mano sabe disso, e deixou Douglas ir embora.

No Morumbi, o São Paulo, por incrível que pareça, suou para ganhar do fraco Rio Branco. Em bela jogada de Léo Lima, Jorge Wagner marcou pelo time da casa, e só. Depois disso, eram apenas chutes de fora da área e chuveirinhos.
No segundo tempo, numa falha da defesa, o Rio Branco marca. Novamente, São Paulo volta a pressionar apenas com bolas na área, e chutes de longa distância. Numa jogada à la Muricy, veio o empate. É muito pouco, né seu Ricardo?

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