domingo, 13 de dezembro de 2009

Balanço geral

Este blog anda devendo uma análise a respeito dos resultados do mais concorrido Brasileiro dos últimos tempos. Assim, vamos lá.

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O presente escrevinhador precisa admitir uma coisa: começou a atividade de comentarista de futebol do jeito certo, como todo bom comentarista, ou seja, errando.
Lá para o meio do ano, eu afirmei, quase sem dar margem a dúvidas, que o time campeão seria, novamente, o São Paulo. Os motivos seriam os mesmos de sempre: o Tricolor paulista não é dono de nenhuma seleção, porém, possui um elenco grande e adaptável, cheio de bons jogadores; na hora H, grande sacada da diretoria são-paulina, essa combinação raramente falha.
Qual não foi minha surpresa, então, quando, justo nos dois jogos mais prosaicos que tinha pela frente, contra um semi-rebaixado (Botafogo) e contra um time já sem grandes aspirações (Goiás), vejo que o São Paulo consegue tomar sete gols? Acendendo para o sedento Flamengo aquela sonhada luz no fim do túnel? Primeiro time de chegada da era dos pontos corridos, o Mengão não perdoou.

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O Brasileiro de 2009 jogou por terra uma série de preconceitos que foram sendo erguidos, qual muralha, desde o início da era de pontos corridos.
Primeiro: não se deve trocar de técnico. Ora, São Paulo e Flamengo, os dois maiores postulantes ao título, trocaram seus técnicos, sentindo na pele, e nos pontos, os benefícios da troca. É claro, porém, que não é regra. Palmeiras trocou, e veja no que deu... O que fica, para guardar, é que futebol não é coisa para cartilha de funcionário público Caxias. Varia como as ondas do mar. Abaixo o bom-mocismo tecnocrata!
Segundo: a lenda do time que joga junto há bastante tempo. Novamente, Flamengo montou boa parte de sua equipe durante o campeonato, e cresceu na hora certa.
Terceiro: cadê os técnicos especialistas, professores do óbvio, que falam bonito e "fazem um time jogar". Muricy foi engolido pela nhaca palmeirense, e afundou em sua mania de 3-5-2, e em substituições confusas, ou, às vezes, por demais óbvias. Luxemburgo, bem, faz tempo que não honra o que ganha, preocupando-se mais em ganhar dinheiro do que em ganhar títulos. Mano, novo na "elite" do futebol não conceguiu motivar um time que ganhou tudo no primeiro semestre, e deixou-se levar pelo canto de sereia da Libertadores, entoado por uma diretoria incompetente, que não soube manter um time campeão.
Enquanto isso, treinadores de perfil mais calmo e humilde, sem muita mídia, chegaram. Ricardo Gomes implantou seu estilo no São Paulo, variando um pouco mais as jogadas tricolores. Andrade fez Petckovic jogar de novo, deu uma utilidade aos bons laterais do Flamengo, e fechou a equipe em torno da estrela de Adriano. Isso sem contar Mario Sérgio, que conseguiu motivar o apático Internacional.

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Agora, uma coisa é preciso admitir: nos pontos, o Brasileiro é muito bom, disputado, emocionante; agora, na técnica, é nivelado por baixo, infelizmente. Poucos são os times, dentre eles o Flamengo, que colocam a bola no chão, fazem-na rolar pelo gramado. Poucos são os dribles e as jogadas menos óbvias. Abundam a retórica de guerrilha (incentivando a violência) e a apologia da "pegada", do jogo amarrado. Os técnicos brasileiros precisam ver um jogo do Arsenal. Um só, qualquer um.