quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Dunga: o homem, e o anão

Este blog, por motivos vários, vem negligenciando a seleção brasileira. De minha parte, confesso que raramente a seleção me empolga. Nela, muitas vezes vejo não mais que um amontoado de jogadores mascarados e descompromissados, que se reúnem para bater uma pelada. O interesse cresce, realmente, apenas na Copa do Mundo e em jogos importantes, como contra a Argentina.
Porém, em virtude das últimas apresentações da equipe canarinho, e da antecipada classificação à Copa, abro uma exceção e admito: estou gostando da seleção do Dunga. Na época em que ele assumiu o cargo, pensei, como todo brasileiro pensante, que Dunga lá estava tão-só por politicagem. Ricardo Teixeira precisava dar uma resposta dura aos molengões de 2006, e à raivosa torcida brasileira. Para tal, nada melhor do que o mal encarado Dunga, símbolo de seriedade e retidão no trabalho, funcionário-modelo. Símbolo ele é, não há dúvida, a questão era sua qualidade como profissional. Todos os brasileiros (pensantes) se perguntavam: "Mas temos tantos treinadores bons?".
Assim, em meio a tantas caras feias e narizes tortos, Dunga, o homem, assumiu a bronca, e mostrou a que veio: não mais convocou certas maçãs podres, teve em mente, desde o primeiro momento, um esboço de esquema, procura chamar, sempre, o mesmo time titular, segue uma filosofia clara de jogo e comportamento, e aprendeu a mexer bem no time. Com Dunga, os jogadores sentem-se à vontade, pois sabem o que ele espera deles. Tal característica é essencial para um comandante. Alguns podem dizer, ainda, que Dunga tem sorte, que deve muito a Júlio César e ao talento do jogador brasileiro, porém, creio, tais acusações são maldosas: quem convoca é ele.
O Brasil pode ser um fiasco o ano que vem, na Copa do Mundo, afinal, futebol é o que há de mais inexato nesta vida, no entanto, é pura maldade, de uns e outros, não dar o braço a torcer, não admitir que Dunga resgatou um certo espírito da seleção, além de fazer o time jogar.
Agora, há o lado, digamos, baixo dessa questão. Parodiando Juca Kfouri, o lado anão. Gozando, enfim, de uma glória justa, Dunga não faz por merecê-la, e, sempre que pode, mostra seu lado agressivo, rancoroso e mesquinho. Dias antes da partida contra o Chile, fez questão de tripudiar a imprensa. Esta, bem ou mal, apenas dá voz aos medos do povo brasileiro; antes, quando ele assumiu, não havia motivo para apoiá-lo integralmente. Ontem, brigou com a torcida brasileira, vociferando; as câmeras esconderam.
Uma dica, Dunga: concentre-se no homem, e esqueça o anão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário