terça-feira, 11 de agosto de 2009

Teoria da trinca

Agora que meu time anda mal das pernas – devido, sobretudo, à burrice de seus dirigentes – veio a minha mente uma teoria que, cá com meus botões, elaborei já faz um tempo. A dita teoria jamais é claramente enunciada, mas, ainda assim, confugura-se, quando positiva, no sonho de todo treinador que deseja arrumar seu time, ou na base utilizada pelos jornalistas no momento de tecer comentários táticos; trata-se da teoria da trinca. Segundo ela, o comportamento de um time deve ser analisado a partir da observação dos seus três últimos jogos; devem ser levados em conta a organização tática, jogadores-chave, e, claro, pontos conquistados.
A teoria da trinca não deve ser utilizada apenas como mapa comportamental; pode ser empregada, também, como agente motivador dos jogadores. Num campeonato como o Brasileirão, longo, no qual o tal do "fôlego" conta muito, pode ser bastante útil fazer os jogadores pensarem os resultados dividindo-os em trincas, pois o objetivo torna-se mais palpável. Explicado cerne da teoria, vamos, agora, a sua configurações, em termos científicos:

– Trinca do demo: o nome já entrega, né? É a trinca funhenhada, fubecada, cagada, melecada. Três derrotas seguidas. O torcedor planta arruda, reza para exú, para Nossa Senhora, para Deus e o fundo; o treinador já dá aquela olhada nos classificados de domingo... Um empate e duas derrotas também entra nessa categoria ( o que é um pontinho para quem está com catapora?).

– Trinca de chumbo: dois empates e uma derrota. É pesada, mas suportável. Nem tudo está cagado; os pontinhos conquistados fazem o torcedor, bobo como sempre, acreditar numa virada, na capacidade do time. É possível também colocar a culpa no juiz. Melhor ainda se os empates forem "épicos", na raça, com gol no finzinho do jogo.

– Trinca nem fede, nem cheira: três empates. É aquele marasmo: o torcedor não fica nem irritado, nem feliz; a diretoria não aperta, nem relaxa; o time esconde a insatisfação, e as brigas internas. Porém, advirto: uma derrota na sequência, e a cagada está feita. Os medos afloram, assim como os recalques e cobranças.

– Trinca starway to heaven: dois empates, e uma vitória. "Oxalá esse time é campeão! Só precisa de uns ajustes... Na defesa, no meio, e no ataque! Nosso técnico também não é grande coisa, mas a torcida apóia! Se não fosse aquele juiz de quarta-feira, teríamos ganho duas! Vai que é Tókio!!!".

– Trinca bonança: duas vitórias, e um empate. O torcedor pensa: "Quem não perde pontos, não é mesmo? O campeonato é longo, não há com o que se preocupar. O time é coeso". Advertências: se o empate for em casa, pode feder um pouco, mas não o bastante para crise; pode ser uma trinca enganadora, se o time ganhou do Corinthians e do Fluminense.

– Trinca Paradise Master Class Plus: três vitórias. Para este time, tá tudo beleza. Se estava em má fase, já saiu; se estava em boa fase, vai confirmando sua superioridade e passando o trator sobre os adversários. Se duas vitórias ocorreram fora de casa, então, a coisa toda ganha requintes de crueldade; é como se o Chuck Norris tirasse braço de ferro com o Mário Bros. Não dá graça. O torcedor nem fala; só olha para os rivais com aquela cara gorda de felicidade.

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