sexta-feira, 14 de agosto de 2009

O grito das ruas

Talvez nunca, num espaço de tempo tão curto, a torcida do Corinthians foi da euforia à preocupação, do orgulho à tristeza, como nos últimos tempos. Vítimas que fomos de uma cartolagem inapta e ao menos conivente com práticas excusas de administração, vimos um time ser desmanchado, um sonho ruindo, e a depressão de um pesado campeonato brasileiro à vista. Isso posto, não é difícil nos sentirmos impotentes frente a desmandos de uma diretoria encastelada no poder.
Porém, há esperança enquanto houver coragem, e isso o Movimento Resistência777 parece ter de sobra. Tendo por meta a vontade de fiscalizar e pressionar por mudanças, de forma pacífica e criativa, o Resistência777 pode ser um alento no universo atual de torcedores organizados, que, via de regra, vendem-se por pouco, ou sabem, apenas, bater palmas, como se o amor viesse do apoio irrestrito. Fazendo votos de congratulação, publico, a seguir, a manifestação do grupo.

Por um Corinthians do povo,

transparente e lutador!



Manifesto da Resistência777




O Movimento Resistência777 não é associado a nenhuma torcida organizada, partido político ou outra instituição pública ou privada. Tampouco tem qualquer vínculo com os grupos de oposição atualmente constituídos no clube.



Trata-se de um movimento criado por corinthianos de diversos estratos sociais, faixas etárias e etnias. São mulheres e homens interessados somente em resgatar a história e a cultura do Sport Club Corinthians Paulista, bem como em defender a instituição daqueles que afrontam suas tradições, sejam estes jornalistas irresponsáveis, cartolas inescrupulosos (nossos e dos oponentes), autoridades públicas incapazes de compreender a importância social do clube ou agentes de mercado interessados em vampirizar a família corinthiana.



No presente momento, focamos nosso protesto em três questões urgentes:



1) Rejeitamos todo e qualquer projeto de elitização do clube. Como dizia o primeiro presidente, Miguel Battaglia, “este é o time do povo, e é o povo que fará este time”. O Corinthians surgiu e consolidou-se por conta de suas afinidades com a luta dos povos que constituíram o Brasil moderno. Foi, desde sempre, via de inclusão e porto de acolhida para imigrantes, migrantes e outros grupos segregados pelos grupos dominantes. Nunca admitiu o preconceito e sempre foi uma referência de democracia e solidariedade. Surgimos para universalizar o direito à alegria do esporte, para romper o apartheid mantido pelas elites quatrocentonas que controlavam o futebol. Como assim somos, repudiamos qualquer atitude que vise a restabelecer essa antiga e vergonhosa ordem. O futebol é do povo. E o povo deve ter acesso ao futebol de seu time. A elitização, constituída sobretudo pela majoração escandalosa no preço dos ingressos, é um crime contra a tradição do Sport Club Corinthians Paulista.



2) Rejeitamos o novo paradigma de gestão, segundo o qual o clube existe para fazer “business” e gerar lucro. Essa nova regra vem sendo propagandeada irresponsavelmente pelos diretores do SCCP, especialmente pelo Sr. Mário Gobbi, que teima em permanecer no cargo de vice-presidente de futebol. Sua filosofia oportunista estabelece uma inversão absurda de valores. Desde sempre, o Corinthians existe para fazer a alegria do povo, de sua Fiel Torcida. Por isso, compomos grande esquadrões. Ao vencer seus oponentes, as equipes mosqueteiras encarnam o espírito de luta de todos nós torcedores. Negócios, quando realizados, devem obedecer ao princípio da transparência e devem ter por propósito tão somente fortalecer o clube, suas atividades esportivas e educativas, de modo a proporcionar júbilo aos torcedores. Repudiamos também o sistema de parcerias inescrupulosas com os tais “agentes de jogadores”, verdadeiros cafetões de atletas, que mandam e desmandam no clube, construindo fortunas pessoais às custas do suor e da paixão da Fiel Torcida. Sabemos que estes meliantes estão à cabeça do escandaloso sistema de leilão que destruiu o time campeão da Copa do Brasil.





3) Repudiamos veementemente a mentalidade de conformismo derrotista oficializada recentemente pelo clube, ao desistir da conquista do Campeonato Brasileiro 2.009, mesmo antes do término do Primeiro Turno do referido certame. Essa atitude se constitui em grave afronta ao torcedor e também à tradição de garra do clube, tantas vezes campeão após superar enormes obstáculos. “Já vi o Corinthians vencer, já vi o Corinthians perder, mas nunca vi o Corinthians se entregar”: esta é a frase que nos define. Não existe “planejamento” para a derrota e muito menos para o fracasso. Quem se fia nesse pensamento estúpido, cospe na cultura corinthiana e desrespeita todos os corinthianos.



A Resistência777 exige o mínimo dos diretores que tiveram a honra de defender nossas tradições: honestidade, transparência, espírito de luta, conhecimento de nossa cultura quase centenária e respeito pela Fiel.



Afinal, esses hoje tidos como “ignorantes”, “incultos” e “hipócritas” são os mesmos que construíram a grandeza do Corinthians, são os mesmos que se mantiveram fiéis ao clube nos 22 anos de jejum e são os mesmos que estarão aqui para segurar nossa bandeira no tempo futuro, seja ele de sol ou de pesadas nuvens.



O Corinthians, como bem se sabe, é nossa história, nossa vida e nosso amor. O mínimo que se espera é que nossos representantes compreendam essa palavra de ordem, cantada em todo o país por 25 milhões de apaixonados. Não se adultera uma história, não se mata uma vida, não se trai um amor.



A Fiel exige providência para que o Corinthians seja devolvido a seus legítimos donos: o povo.

PS: extraído do blog de uma das cabeças do movimento, Larissa Beppler, http://larissabeppler.wordpress.com

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