terça-feira, 18 de agosto de 2009

Corinthians, PT e a mídia corporativa

Em alguns pontos, Corinthians e PT têm muito a ver. Por mais que algumas pessoas não gostem de ouvir, sobretudo aqui em São Paulo, uma certa elite encastelada, muito fina e cosmopolita, sente arrepios apenas ao chegar perto de qualquer coisa que tenha bafos populares. Fenômeno semelhante ocorre em classes mais baixas, mas que, por espelhamento, reproduzem discursos que não são seus. Penso que boas provas de tal comportamento são as coberturas que a mídia faz dos casos envolvendo as instituições supracitadas: se o PT acabar, a Veja acaba junto, com certeza, por falta do que publicar, assim como é notória a má vontade de alguns veículos de comunicação no que diz respeito a assuntos do Corinthians; ao alvinegro do Parque São Jorge, nunca é dado o benefício da dúvida. O time dos pobres merece a clava, e pronto.
Nesse sentido, é interessante apontar convergências entre dois fatos: a conversa entre Lula e Sanchez, que teriam, supostamente, tratado de empreiteiras para o CT do clube, e o segundo, mais atual, envolvendo Dilma Roussef e Lina Vieira, no qual o Senado colhe depoimento desta, que disse que aquela fez algo em data de que não se lembra, em hora desconhecida, e sem testemunhas (http://twitter.com/iavelar). Em ambos os casos, fumaça virou notícia, para satisfazer a sanha de uns poucos. Não houve espera, ou ao menos apuração, por parte da mídia e de autoridades; viu-se a fumaça, e, dela, partiu-se para a imprensa e para as autoridades competentes.
Escrevo sobre estes assuntos, pois muito me incomoda um certo patrulhamento pelo fato de o presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, ter se filiado ao PT. Em diversas oportunidades, neste espaço, critiquei a gestão de Sanchez, que, para mim, reproduz em vertente mais pacífica erros de outras administrações. Porém, o fato é que, errando ou não, ele é cidadão, e possui o direito de se filiar ao que bem entender. "Ora, você não vê que ele vai usar o Corinthians nas eleições de 2010?". Pode ser que ele use, não descarto tal hipótese, e, se o fizer, estará errado, será por mim criticado. Aqui, apenas me parece injusto fazer fumaça sobre fatos ainda não confirmados. É tarefa da imprensa fiscalizar Sanchez e observar se ele é um cidadão exercendo seus direitos, ou se ele é apenas um aproveitador; pré-julgar é fácil.
No fim de semana, Sanchez participará de um comício. Se for sozinho, é um homem exercendo seus direitos. Alguns dizem que ele levará Ronaldo; se isso ocorrer, aí sim, a mídia corporativa pode bater à vontade.

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