terça-feira, 28 de julho de 2009

Futebol, religião e política...

... não se discutem. Assim, pelo menos, reza o credo do cordial homem brasileiro, homem sem tutano, que prefere o manso mundo do acordo ao debate de ideias. Como não sou deste tipo – pelo menos a maior parte do tempo, admito – volto a um assunto já debatido neste espaço (post Onde termina o jogo e começa o culto): futebol e religião, duplinha difícil de conciliar.
No momento, o que pôs o tema novamente à baila é o fato de Roberto Brum, jogador do Santos, e pastor evangélico, após ter brigado com o técnico Luxemburgo, aparecer na mídia insinuando que haveria um complô para retirá-lo da equipe praiana, devido a sua orientação religiosa. Como fato, temos apenas que o "guia espiritual" do dito técnico chegou a dizer que Brum sofria de "energia negativa", influenciando o time.
Não quero aqui, claro, fazer distinções de valor no campo da religião; do tipo "esta é melhor que aquela". Destaco, apenas, algumas situações no mínimo irônicas.
A primeira, que salta aos olhos, seria o fato de o "pôfixional" W. Luxemburgo fazer uso, desde priscas eras, de um "guia espiritual". Chamar pai de santo para resolver problema da equipe é coisa profissional? O problema do Santos é a defesa ruim, ou "energia negativa"? Eu não sou "pôfixional", mas, se fosse, ficaria com a primeira opção. Se o dito complô se confirmar, torna-se óbvio que Luxa precisa, apenas, de uma desculpa para afastar Roberto Brum; nem que esta desculpa venha do além.
Outra situação de interesse, e que vale ao menos ser mostrada, é a inversão de papéis a que assistimos. É de conhecimento público a perseguição vil, perpetrada por cultos evangélicos, a religiões espíritas, de origem afro ou não. Os fiéis, excitados por seus pastores, chegam a atacar templos, símbolos e adeptos das manifestações religiosas supracitadas. Para a pessoa que, ao menos minimamente, gosta de justiça histórica, como eu, é impossível esconder o sorriso no rosto. É ridículo e injusto o que fazem com Brum, mas também é ridículo e injusto o que fazem os evangélicos, em nome da fé, com outros religiosos. É claro que um erro não justifica o outro, porém creio que a situação pode levar a reflexões valorosas; sobretudo quanto ao principal envolvido. É conhecida a voracidade de Brum pelos holofotes, e o fato de, estando neles, não perder a oportunidade de tocar em assuntos de fé. Será que finalmente ele entenderá que nem todos querem ouvir?

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