segunda-feira, 27 de julho de 2009

Cadê o planejamento?

O assunto já é um tanto passado, mas, infelizmente, devido a um ritmo de trabalho insano, não pude fazer nenhum post a respeito, semana passada. Trata-se do baixo insulto, dirigido pelo "Seu" Delegado, Dr. Mário Gobbi – diretor de futebol do Corinthians – às pessoas qur ele mais deveria amar e servir: os torcedores do Corinthians. Indignados com o rápido processo de desmanche do time – que, ao que tudo indica, terá parada apenas quando o último jogador fechar a porta do vestiário – os torcedores, com a autoridade de quem paga uma fortuna por ingressos, e procura apoiar o time de todas as maneiras, com a autoridade de quem acreditou nas promessas faraônicas da atual administração, protestou. E qual a resposta do "ilustre" diretor corinthiano? Com a soberba natural dos doutores, típico do país da carteirada, o "Seu" Delegado Mário Gobbi insultou os torcedores, chamando-os de pessoas "sem cultura". Inculta, portanto, nos dizeres do "Seu" Delegado, é a pessoa que questiona o mantra do "bizinês", dos negócios como fins e meios do futebol. É a pessoa que se sente lesada por ter acreditado que o aumento dos ingressos ajudaria a segurar o time. É a pessoa que vê a camisa que ama virar um macacão de píloto de Fórmula 1, e aguenta, pois são os "patrocinadores". Inculta é a pessoa que ama, apóia, mas que não consegue engolir seco. Inculta, dessa forma, é a pessoa crítica; equação possível apenas no Brasil.
Ora, "Seu Dotô" Gobbi, são tantos os erros, tantos os cálculos mal feitos, tantas as promessas não cumpridas, que mal consigo enumerá-los. Por isso, a seguir, apresento o texto de uma corinthiana de coração sofrido, combalido, que mesmo com as armas de Jorge quase já não aguenta a guerra. Ela disse tudo o que eu queria dizer, mas estou triste demais para enunciar.

“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.” (BARBOSA, Rui, 1914, p. 86).


Despedida

Este blog, desde o seu surgimento, seguiu um ideal, mas como a maioria dos ideais, este também foi um tanto utópico. O propósito deste espaço era servir como um veículo de reflexão sobre as questões que envolvem o Sport Club Corinthians Paulista, porém, como a maioria já não está disposta a refletir, como não se observa uma mobilização no sentido de fiscalizar, como muitos querem confiar em cartola, acreditar em desculpas e balões de ensaio de dirigentes, como se fosse atitude admissível no Brasil ou no mundo do futebol como um todo, o blog perdeu a sua função, sem função passa a ser descartável. Melhor admitir que se perdeu a batalha e seguir em frente, buscar outros caminhos.

É impossível continuar e a frase de Rui Barbosa, que abre o post, diz tudo. A situação está tão absurda que eu sinto vergonha e medo de publicar as verdades que necessito, pois sei que ao invés de alguns acordarem para o mundo real, preferirão me acusar de qualquer coisa indigna e mentirosa.

Contudo, o amor pelo Corinthians é eterno, sempre permanecerá. Não estou abandonado o meu time, nunca vou abandona-lo. Este é só o fim de uma parte de mim que teve um sonho e “embora acabe eu, a minha fé não acabará; porque é a fé na verdade, que se libra acima dos interesses caducos, a fé invencível.”

Nos últimos anos, a minha vida se pautou pelo Corinthians, alguns nem acreditariam o quanto! Neste 2009, foram R$100 de ingresso por partida investidos no Pacaembu, na esperança de estar contribuindo para a manutenção do time, conforme me foi prometido. Isto fora o Fiel-Torcedor, que fiz para ajudar o meu clube e que agora é mais um motivo para cartola pisar na minha paixão e vender jogos para outros estados, jogos estes que já estavam prometidos para os 35 mil idiotas que, como eu, aderiram ao plano de fidelidade, aliás, este nome hoje me parece bastante irônico.

E uma maioria esmagadora, que ainda busca se iludir com o sonho de que as coisas mudaram, que não há mais crise, nem falcatruas no Corinthians, blá blá blá, acha tudo isso normal, fecha os olhos para não ver que, embora em ritmo diferente, tudo continua acontecendo exatamente igual! Pois bem, eu não acho normal, não consigo achar. Eu não tenho vocação para massa de manobra, tampouco sou tão sonhadora quanto era aos 15 anos.

Eu não engoli o rebaixamento e nem acho que foi bom para o clube. Grandes clubes não necessitam de uma mancha na história para se reestruturarem, isto poderia ser feito antes e embora os cartolas utilizem este argumento para diminuir a sua culpa, não me iludem mais.

Não engoli a negociata da venda do atleta Jô, que provavelmente se repetirá nas futuras vendas de Cristian e André Santos para times de ponta da Europa, pelos valores que realmente valem. Não engoli as alíneas que colocaram na renovação do estatuto, que venderam como democrático e moderno. Nem engoli ou aceitei a manutenção da máfia nas categorias de base, nem a relação promíscua com os empresários sanguessugas do futebol, que reinam no Parque.

Eu não engoli a transparência não-transparente que me venderam, também não engoli a suposta renovação. Que renovação? Se o presidente está no clube há 14 anos e entrou pelas mãos do “ex”-facínora Nesi Curi? Eu não engoli, como também não digeri a oposição, que só existe no mundo da fantasia ou da internet, mas que de fato e efetivo nunca fez nada.

Eu não engoli o engodo da renovação do contrato com a Nike, uma pena que poucos tenham se dado conta do que significou, talvez daqui há 5 anos fique claro (ou não também). Eu não engoli a majoração extorsiva dos ingressos ou a prostituição do manto alvinegro sob promessa de manter um time forte e competitivo para o centenário e que agora já se desmancha.

Eu não engoli o aumento da dívida e os milhões de empréstimos adquiridos a juros bancários, quando a promessa era justamente o inverso disso. E como poderia engolir, quando o clube é o que mais arrecada em bilheteria, cotas de TV, vende milhões em produtos licenciados, planos de fidelidade e tem o maior patrocínio do Brasil? Se há receita e se dizem que o clube não pode contratar ou manter o elenco por que o dinheiro que entra nos cofres do é destinado ao pagamento da dívida, como é que a mesma jamais diminui?

Enfim, eu não engoli, pois nada disso é mesmo digerível, portanto, este blog sem função, depois de um ano e cinco meses no ar, entrará em recesso por tempo indeterminado. Recesso é o termo que considerei mais adequado dentro das minhas crenças, uma vez que não aprecio decisões definitivas, afinal, todos tem o direito de mudar de opinião quando vale a pena muda-la, então, quem sabe um dia…

Encerro meus escritos por aqui agradecendo do fundo do meu coração pela confiança que em mim depositaram, pelo carinho, pela presença, pela compreensão, especialmente dos que sempre souberam quem sou e que o meu intuito foi sempre apenas ver o Corinthians cada vez maior.

Agradeço também pelos debates, pela franqueza dos que de mim discordaram, pelas informações e por tudo que aprendi através dos comentários, emails, etc… Sem vocês este blog nunca teria significado tanto para mim, por isso, além de agradecer, também peço desculpas por decepcionar os que esperavam um pouco mais de mim. Espero que nunca me compreendam, é, nunca me compreendam mesmo, pois o que estou sentindo, esta desilusão, eu não desejo para nenhum corinthiano no mundo. Mas espero, sim, que possam me desculpar. Que aqueles que não ficarão felizes ou darão de ombros para esta decisão me perdoem, que sigam confiantes e, acima de tudo, tenham estômago forte, pois isto é o principal e foi isto o que, em 2007, pensei ter, mas descobri que não tenho.

Talvez eu devesse ter dito, feito e escrito mais, porém agora já não faz tanta diferença assim e, oxalá, outros ainda falarão por mim.

Até qualquer dia e…

Vai Corinthians, eternamente!

Larissa Beppler (http://larissabeppler.wordpress.com/)

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